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CAMINHO DAS VOLTAS

UMA PAISAGEM DE SUSTER A RESPIRAÇÃO

  1. Freguesia:
    Santo Amaro
  2. Localização :
    Terra Alta
  3. Centro de construção naval e artesanato local (Museu Marítimo da Construção Naval; Escola Regional de Artesanato; Museu de Alfaias Agrícolas)
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UMA PAISAGEM DE

SUSTER A RESPIRAÇÃO…

 

O Caminho das Voltas, assim designado por comportar na sua parte inicial um trilho com várias curvas que atenuam a inclinação extremamente acentuada do terreno, terá sido utilizado pela população que habitava na zona de Santo Amaro e Canto, junto ao mar, para aceder às regiões mais elevadas da ilha onde tinham plantações e gado.

 

Este percurso inicia-se junto do miradouro da Terra Alta (Ponto 1), de onde se pode desde logo apreciar a vista panorâmica sobre a Ilha de S. Jorge e o respetivo canal que a liga à ilha do Pico, paisagem que aliás predomina durante todo o percurso.

 

A descida faz-se por um trilho bem evidente sempre fresco e sombrante, uma vez que se faz dentro da vegetação, onde se podem encontrar vários tipos de espécies desde as endémicas, louro da terra e urze, a outra vegetação introduzida, como o incenso. Nesta parte do caminho passam-se por várias ribeiras que estão regra geral secas, uma vez que corre água nelas apenas na época das chuvas. Durante esta primeira parte do percurso não se encontram outros caminhos acessórios senão o principal.

 

Descida uma boa parte da encosta dentro da vegetação, este trilho “desagua” junto da zona habitacional. A estrada de asfalto deve percorrer-se por cerca de 400 metros, durante os quais se deve ter atenção à sinalização, pois passa-se por vários caminhos, tanto à direita como à esquerda, que se devem ignorar até que a sinalização claramente indique mudança de direção (Ponto 2). Aqui o panorama é bastante rural com áreas de pastagem e casas de pedra com antigas cisternas de aproveitamento de águas pluviais.

À direita deixa-se o asfalto e entra-se numa canada estreita (antigos caminhos de passagem entre terrenos, limitados por muros de pedra), ladeada por muros de pedra com quase dois metros de altura do lado direito e, após cerca de 50 metros, nesta canada vê-se, do lado esquerdo, esquecida por entre a vegetação, uma casa em pedra, abandonada, que terá sido uma fábrica de manteiga. Continua-se por esta canada abaixo. Passa-se por um terreno que terá sido aberto recentemente, no entanto, deve prestar-se atenção à sinalização pois, no mesmo sentido em que se desce, a canada continua; portanto, deve-se retomá-la. Esta canada desce em voltas inclinadas até ao Canto, lugar de adegas junto ao mar, muito apreciado durante o verão para os banhos e para as petiscadas estivais ao som dos cagarros (ave marinha) que por ali deambulam a partir do fim da tarde. Esta é uma zona de plantação de vinha onde se podem ver os “currais de pedra” de proteção às videiras em socalco.

Ao encontrarmos a estrada de asfalto, seguimos pela direita até encontrar uma estreita canada do mesmo lado. Devemos percorrer a canada que se encontra com uma ribeira. Esta ribeira está normalmente seca, exceto durante a época das chuvas. Percorremos  a ribeira até ao mar durante cerca de 100 metros. Chegados às pedras da costa, contornamos para a esquerda até à estrada onde se encontra um largo e uma estrada onde está um poço de maré (Ponto 3); de lá era retirada a água, praticamente doce, filtrada pelas rochas do chão.

 

Daqui apenas tem que seguir a estrada durante cerca de um quilómetro. Ignore estradas e caminhos  até encontrar indicação para a próxima zona balnear do lado direito (Ponto 4). Cerca de 100 metros antes deste entroncamento a estrada onde se caminha passa por cima de uma ribeira, mais uma vez, geralmente seca.

 

Agora de novo junto ao mar segue-se por um pequeno trilho que sobe a encosta do lado esquerdo. Este pequeno trilho leva à zona de falésia onde, do lado da terra, se encontram currais de vinha agora abandonados e cobertos de vegetação, alguma endémica como a protegida vidália.

 

Do lado direito, podem observar-se os campos de lavas aa ou biscoito, como são denominados nos Açores, onde o mar rebenta. Deve passar-se neste troço com a máxima discrição pois esta é uma zona de ninhos de cagarros entre março e outubro. Atenção! Pois a perturbação dos ninhos facilmente provoca o abandono por parte dos progenitores. Esta ave marinha é nidificante exclusivamente nos arquipélagos portugueses, e deles depende a sua sobrevivência e proteção.

 

Este pequeno troço, rico em natureza selvagem, termina num parque de merendas onde se pode fazer um pequeno piquenique. Daqui contorna o parque pelas traseiras e volta ao asfalto que se deve acompanhar sempre pelo lado direito.

 

Agora pelo caminho de asfalto, inicia-se o percurso entre vinhas e currais, percorrem-se cerca de 600 metros, que nos fazem passar também ao longo de um paredão de proteção do mar, e entra-se em Santo Amaro diretamente no largo da Igreja. Continua-se pela direita, seguindo pela estrada onde se encontra, do lado esquerdo, a Escola Regional de Artesanato de Santo Amaro. Lá podem apreciar as peças de artesanato local.

O percurso pedestre termina um pouco mais à frente, junto da rampa do Porto de Santo Amaro (Ponto 5), onde se pode visitar o Museu Marítimo de Santo Amaro, que faz memória à forte e singular tradição de construção naval, própria daquele local em que, outrora, se construíram as embarcações que fizeram história na navegação do Arquipélago dos Açores, desde as embarcações baleeiras, às de pesca local, costeira e de alto, bem como tantas que cruzaram os canais Pico – Faial e Pico – São Jorge durante os séculos XIX e XX. Ainda aqui hoje são construídas embarcações em estaleiros que, ao passar pelas ruas, se vislumbram no interior.

 

LENDA DA LUZ DA TERRA ALTA

 

Reza a lenda que em tempos existiu uma luz que circulava na Terra Alta e era vista por muitos habitantes. Era uma espécie de arco com uma luzinha no meio. Nunca a viam de perto porque, quando alguém se aproximava, ela desaparecia de imediato.

Fixava-se na casa de uma senhora que afirmava que esta luz era a sua companhia. O filho tinha morrido     ainda novo, tendo ela lhe pedido que a iluminasse, ao que ele acedeu. De facto, conta-se que a luz ia para a loja, iluminar o marido enquanto ele moía, até tarde da noite.


Podia ser vista de noite e circulava desde essa casa até à baía do Canto, mas nunca saindo desta área. A Luzinha da Terra Alta foi vista durante 30 anos e ainda vive quem se lembre deste fenómeno.




  1. Extensão:
    11.2
  2. Duração Média:
    02:00:00
  3. Grau de Dificuldade:
    médio
  4. Tipo de Caminho:
    Caminho de terra, asfalto e rocha
  5. Declive:

  1. Quando Visitar
    Caminho de terra, asfalto e rocha
  2. Homologado
    Sim
  3. Sinalizado
    Sim
  4. Interesse Natural
    Vista panorâmica
  5. Proprietários
    Caminhos Públicos
  6. Entidade Responsável
    Câmara Municipal de São Roque do Pico Associação "Os Montanheiros"